O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, destacou o papel das atividades de extensão rural para a agropecuária paulista e brasileira, em especial para o desenvolvimento e o fortalecimento da agricultura familiar, durante a abertura do 4º Seminário Paulista de Extensão Rural, realizada nesta terça-feira, 25 de outubro, em Campinas (SP).
"O trabalho de extensão rural é fundamental para apoiar e orientar o pequeno agricultor, promover seu desenvolvimento e fazer inclusive com que a juventude veja a importância da atividade agrícola, dando continuidade ao trabalho no campo. Nesse momento em que a realidade da crise se impõe, precisamos repensar caminhos para lidar com a escassez de recursos, reformular ações e parcerias, concentrar esforços para seguir adiante", disse o secretário, lembrando que o apoio ao pequeno produtor e a transferência de conhecimentos gerados pela pesquisa proporcionadas pela extensão rural são diretrizes determinadas pelo governador Geraldo Alckmin para a Pasta.
O evento realizado pela Associação Paulista de Extensão Rural (Apaer), com o apoio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), reuniu extensionistas, técnicos dos Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR), parlamentares, representantes acadêmicos e dirigentes de entidades do setor para debater os desafios da extensão rural diante da atual crise econômica.
“A extensão é um serviço essencial para o Brasil e a necessidade de o Estado fornecer essa assistência é fundamental para o desenvolvimento econômico e social de mais de cinco milhões de comunidades agrícolas. Um dos desafios dessas atividades hoje são os orçamentos adequados para movimentar centenas de extensionistas e a mão-de-obra qualificada para atender à crescente demanda da agricultura. Vamos debater quais os caminhos a serem seguidos pelos órgãos públicos que têm como foco essa atividade, diante da necessidade de os agricultores familiares terem essa orientação”, afirmou o presidente da Apaer e organizador do seminário, Abelardo Gonçalves Pinto. O dirigente da associação também fez uma homenagem ao engenheiro agrônomo e extensionista da Cati há 44 anos, Bernardo Lorena Neto.
Coordenador da Frente Parlamentar de Apoio à Extensão Rural na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o deputado estadual Davi Zaia reafirmou o seu compromisso de trabalho de apresentar propostas para trazer mais recursos e perspectivas para a continuidade das atividades de extensão rural paulista.
De acordo com o representante da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Marcos Silva, “o debate é fundamental para transpor a crise e promover a manutenção da assistência técnica irrestrita, integral e gratuita, reconhecendo as famílias antigas e acolhendo as novas”, afirmou, ressaltando que a renda per capita nos assentamentos chega a ser maior do que nas áreas urbanas de municípios como Pontal e Piracicaba.
Entre as iniciativas da Pasta Estadual, o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II - Acesso ao Mercado é um dos que mais se destaca, justamente pela forte presença da extensão rural, avaliou o coordenador da Cati, João Brunelli Junior. “Hoje, a extensão rural é muito mais do que prestar assistência técnica aos produtores, mas com o Microbacias II tem a função de trazer o protagonismo às associações e cooperativas, agregar renda e ampliar a produtividade para que essas organizações possam se inserir no mercado”, disse Brunelli.
A importância do projeto foi reconhecida pelo gerente do Microbacias II no Banco Mundial, Maurizio Guadagni, que está em missão no País para avaliar os resultados da iniciativa. “O Estado de São Paulo tem dois tipos de agricultura, sendo uma praticada pelos grandes produtores que não necessitam de tanto apoio do Estado e o pequeno agricultor, que precisam de mais orientação para ser competitivo e melhorar sua eficiência. Este trabalho de apoio do Poder Público é essencial”, afirmou.
Extensionistas de todo o Estado participaram dos debates, com a expectativa de ampliar o suporte ao agricultor familiar. Para Leandro Galindo Vitor, do EDR de Orlândia, eventos como este permitem a troca de experiências entre os profissionais de todo o Estado. “Por ser um serviço oferecido de forma gratuita aos produtores, a extensão rural é fundamental neste período de crise. Sem esse trabalho, as políticas públicas de crédito, por exemplo, não chegariam ao conhecimento dos agricultores”, ponderou.
A opinião é reforçada pelo diretor do EDR de Bauru, Marco Aurélio Parolin Beraldo. “Hoje o País atravessa uma situação difícil e a extensão rural é impactada por isso, o que torna mais importante discutirmos novos caminhos e diretrizes para nossas atividades. O agricultor familiar depende exclusivamente do trabalho oferecido pelo setor público, daí a importância de estarmos sempre atentos às suas necessidades”, afirmou.
Também integrou a mesa de abertura do evento a deputada estadual Marcia Lia; o coordenador geral da Federação Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil (Faser), Carlos José de Carvalho; e o professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Angel Pontin Garcia. A programação do evento encerrou no dia 26 de outubro, com a apresentação de painéis e debates.
Por Paloma Minke
Fotos: João Luiz