Por Adailton Melo
O ano de 2016 vai ficar marcado na memória do povo brasileiro como um ano de ataques sem precedentes aos direitos sociais e aos trabalhadores. Passamos por momentos conturbados na política e na economia. Víamos diariamente notícias em todos os meios de comunicação que traziam instabilidade e desconfiança na população, um judiciário seletivo que não cumpria seu papel de guardião maior da nossa constituição, um jogo de interesses escusos que não mediava consequências para obter seus ideais, uma parcela da população iludida e manipulada que tomou as ruas para defender a ruptura do processo democrático de direito sem ter noção do quanto seria prejudicial a nossa nação. Esses e outros fatores culminaram em um golpe parlamentar que retirou uma presidente democraticamente eleita e colocou no poder um grupo político cujo seu maior interesse é dilapidar o patrimônio brasileiro e retirar direitos da classe trabalhadora.
Na contramão do que o povo brasileiro precisa e atendendo os desejos dos que financiaram o golpe, o governo impôs uma agenda de maldades em detrimento ao povo mais pobre e trabalhador desse país. Mesmo com mobilizações contrarias uma das primeiras maldades aprovadas foi a PEC 55, que congela os gastos públicos por vinte anos usando um discurso mentiroso que seria necessário para o Brasil avançar, mas o verdadeiro intuito da PEC é o sucateamento do serviço público, diminuição dos investimentos em saúde e educação. Outra medida que esta sendo proposta é ainda mais devastadora e atinge em cheio a classe trabalhadora. A reforma da previdência vem para acabar com o sistema previdenciário brasileiro, entre os absurdos da medida esta a idade mínima para aposentadoria aos sessenta e nove anos, quarenta e nove anos de contribuição para ter direito a aposentadoria integral, fim da aposentadoria para agricultor familiar. Isso nos remete ao período escravocrata no Brasil onde em 1885 foi promulgada a lei do sexagenário, onde os escravos teriam direito a total liberdade ao completar sessenta e cinco, só muda a forma de ser explorado ao invés de senzala é o chão da fábrica.
A população não pode permitir que esses desmandos continuem acontecendo de forma passiva, temos que nos manter coesos e unidos sempre em busca de uma país mais justo e igualitário para todos. Não podemos esmorecer. Temos que permanecer lutando em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras desse país.
Adailton Melo
Diretor de Formação Sindical do Sintape
SINTAPE: UM FINAL DE ANO MARCADO POR MOBILIZAÇÕES E GREVES
Diante do cenário estadual e da postura do Governo do Estado, as instituições representadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Agricultura e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (Sintape), reagiram com manifestações e greves, deflagradas por duas unidades, no intuito de pressionar o Executivo estadual e as direções das próprias entidades a reavaliarem a pauta de negociações e reabrir o canal de diálogo, encerrado em setembro, após a Secretaria de Administração do Estado (SAD) anunciar impossibilidade de atender aos pleitos por conta do limite prudencial dos gastos públicos. Os últimos meses de 2016 foram de intensa mobilização.
Sem uma resposta às suas reivindicações, duas categorias decidiram partir para a mobilização e tentar o recuo do Governo e das direções das instituições nas negociações. Foi o caso da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) e da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), que entraram em greve no dia 16 de novembro e seguiram de braços cruzados até conseguirem uma nova reunião com o secretário de Administração, Milton Coelho, e as administrações das duas agências, que sinalizaram positivamente para alguns pleitos das duas categorias. Durante o movimento paredista, diversos atos foram realizados pelos funcionários das duas empresas, sob o comando do Sintape.
Antes da deflagração da greve da Apac e CPRH, um grande ato foi realizado com trabalhadores de várias unidades da base representada pelo sindicato, em 28 de outubro, Dia do Servidor Público. O protesto parou o trânsito pela manhã na Zona Sul do Recife e reuniu trabalhadores da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Pernambuco Participações e Investimentos S/A (Perpart) e Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), numa caminhada que saiu do Segundo Jardim, na Avenida Boa Viagem, e seguiu até a Avenida Antônio de Góes, bairro do Pina, onde os manifestantes se concentraram em frente à Secretaria de Administração do Estado (SAD) para pressionar o secretário Milton Coelho a recebê-los.
Usando preto, com faixas e bandeiras, apitos e nariz de palhaço, os servidores gritaram palavras de ordem e fizeram muito barulho por todo o trajeto. Homens da Polícia Militar e da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) deram cobertura ao ato, organizando o trânsito durante todo percurso. Na SAD, receberam a informação que o secretário não se encontrava e que eles não seriam recebidos. Em sinal de protesto, os servidores fecharam as duas faixas da Antônio de Goes, impedindo a passagem dos carros. Um longo congestionamento foi formado.
Em poucos minutos, a direção do Sintape recebeu um comunicado que um representante da pasta iria atender os manifestantes. Uma comissão, formada por cinco representantes, um de cada órgão e o sindicato, foi recebida por Júlio Jonas, da Gerência de Política de Pessoal da SAD. A reunião não sinalizou nada de novo para as categorias. Já em estado de greve, os trabalhadores da Apac e CPRH, mantiveram o calendário de mobilizações prometido caso as negociações permanecessem sem avanço. Os funcionários do IPA também promoveram panfletagem e outras ações em retaliação, denunciado o descaso do Governo com a Agricultura no Estado.