Podemos dizer que o tiro saiu pela culatra. O que poucos sabem é que tudo isso é fruto de uma fracassada tentativa de construção de imagem, que chegou ao limite quando o discurso se distanciou profundamente da realidade.
Um governo bem sucedido, após um governo desastroso fez com que o atual governador do Espírito Santo na sua primeira eleição ganhasse uma grande credibilidade com a população capixaba, no entanto, a política pública de segurança nunca foi o forte de Paulo Hartung. Ainda no primeiro ciclo de governo foi denunciado na ONU pelo caos nos presídios capixabas, sem esquecer que em 2012 foi o ano mais sangrento da história do Espírito Santo, tudo isso foi minimizado pelo governo de reconstrução pós catástrofe administrativa protagonizada pelo então governador José Ignácio Ferreira.
Os resultados do primeiro governo foram excelentes no marketing, mas nas políticas sociais qualquer um pode verificar que não passou de mediano. No atual mandato, querendo se projetar nacionalmente contratou uma empresa de assessoria conceituada de Brasília para inseri-lo na pauta nacional como um grande gestor.
Hartung surfando em dados de segurança que foram construídos no governo do seu antecessor, mexeu com o brio dos Policiais do Espírito Santo. O período em que governou foi responsável pelo desmantelamento da Polícia Militar e quando reassumiu manteve a política de enxugamento do primeiro governo. Simbolicamente a primeira ação que fez no novo governo foi cortar o combustível das viaturas. Ao mesmo tempo a assessoria de Brasília tripudiou dos outros Estados que pediram auxílio financeiro, em função de um superávit orçamentário baseado em cortes que nos trouxeram aos atuais dias sem lei.
Mas os funcionários públicos do Espírito Santo, principalmente os policiais conhecem o governador Paulo Hartung, esse que nos conduziu a esses dias inglórios. Enfim, mesmo ainda não tendo acabado, fica o aprendizado para o governante que gosta de ser conhecido como Imperador: quando o discurso toma distância da realidade, cresce nos que conhecem a realidade uma indignação inimaginável.
Merval Pereira