Sunderhus; Adolfo Brás
Atualmente, vivemos um processo de desestruturação dos serviços públicos, cedidos aos interesses da iniciativa privada, de forma leviana e covarde, pelo Governo Federal e pelo atual Governo em exercício no Estado do Espírito Santo.
Um exemplo dessa desestruturação encontra-se no Incaper, Autarquia que desenvolve o trabalho de ATER e Pesquisa Pública oficial do Estado do Espírito Santo, engessada pela falta de verba orçamentária para as mínimas despesas, tais como gasolina necessária para os trabalhos de ATER e Pesquisa, bem como recursos financeiros para a realização das metodologias e ações para execução da Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultura Familiar e Reforma Agrária.
O serviço de extensão rural é uma política pública, instituída por lei especifica que exerce junto à sociedade um serviço de educação não formal, de caráter continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais.
A situação agonizante que hoje vive a ATER e a Pesquisa Pública oficial é fruto de uma gestão pública equivocada e de atitudes autoritárias, que no Espírito Santo estão presentes no comportamento e nas ações do secretário de Estado de Agricultura, e contextualizadas por intermédio do presidente do Incaper Marcelo Suzart. E acredito que tais atitudes e comportamentos não são um “privilégio” somente do Estado do Espírito Santo.
Estes gestores demonstram em suas atitudes que lhes falta a capacidade pública de saber ler e interpretar a importância das políticas públicas sociais e transformadoras, realizadas pela ATER e Pesquisa pública pela sua abrangência e presença no meio rural de todos os Estados. E mais. No Espírito Santo falta-lhes a humildade do diálogo com o conjunto dos trabalhadores/as daquela Autarquia, que possuem acumulados um histórico de 60 anos de serviços públicos de qualidade prestados à sociedade capixaba.
O que se percebe desses gestores é o interesse em fazer valer a qualquer custo os interesses do Chefe do Executivo. Em fazer valer decretos autoritários de redução dos “gastos públicos”, mesmo que para isso precisem punir os serviços e os trabalhadores/as de ATER e da Pesquisa Pública de uma instituição tão necessária ao desenvolvimento rural.
De maneira geral, e não é diferente no Espírito Santo, falta aos gestores públicos (governadores, secretários de Estado e diretorias das ATER’s) a capacidade administrativa e gerencial para saber conviver com as divergências, com os contraditórios. Falta-lhes a prática do saber ouvir, bem como a humildade de sentar com os trabalhadores para construção de um caminho comum, mais justo, solidário e igualitário.
Para que os servidores públicos, que escolheram atuar junto aos milhares de agricultores familiares de cada Estado, possam continuar tendo uma entidade pública de ATER e Pesquisa capaz de empreender sua missão, é necessário que se apresentem como protagonista de um momento que oportuniza uma nova historia social e política para o Brasil com ação no seu Estado.