Agricultura e pecuária dependem intimamente do funcionamento da natureza. Se isso for bem entendido, economiza-se dinheiro e produz-se melhor.
Lavouras e pastagens podem se tornar menos sujeitas a “riscos climáticos” se os equilíbrios naturais forem observados. Não se trata de dominar a terra com tecnologia moderna, mas de manejá-la com respeito e amor.
Todo agricultor será recompensado quando se considerar parte da natureza e que sente e pensa com ela em lugar de conspirar contra ela.
A agropecuária sempre foi e será uma atividade biológica, nunca puramente químico-mecânica. Podemos usar a máquina e as máquinas como instrumentos de produção, mas nunca como meios de dominação. Estas sempre acarretarão destruição. E embora o homem se sinta mais macho quando até sabe dançar valsa com seu trator no campo, a terra não gosta disso. Máquinas compactam horrivelmente a terra, especialmente quando esta é úmida. O maior problema na América do Norte e no Brasil é a compactação dos campos pelas máquinas.
Nenhum arado deve destruir a terra por um uso inadequado e nenhum agroquímico deve desequilibrar a vida da terra. Caso o for, sofreremos consequências desastrosas.
Agricultor, de você depende a alimentação do povo; sua saúde, sua inteligência e seu vigor. De você depende o bem-estar ou a miséria de todos. E, para que apareça este bem-estar, o agricultor deve senti-lo primeiro. Mas, descapitalizado, ninguém pode se sentir bem. Não adianta esperar por ações paternalistas do governo. Somos adultos e podemos responder por nós mesmos. A agricultura convencional não sobrevive sem subsídios pesados. No mundo inteiro é assim. Se o governo tira os subsídios, o caminho de sobrevivência é produzir mais barato.
O mundo não sobreviverá graças a indústrias poderosas mas por causa de nossos agricultores briosos. Não é o dinheiro que forma o homem mas sim o alimento produzido pela terra.
E terra não é uma máquina de produção. Sem respeito e amor à natureza, não espere fortuna. Mas natureza bem tratada dará colheitas boas sem subsídios, sem financiamentos e sem a ajuda do governo.
Professora Ana Primavesi