Sunderhus; Adolfo Brás
Eng.º agrônomo
Coordenador Executivo da FASER
Uma vida, um tempo que vivi plena e intensamente. Vivi momentos de alegria e felicidade. Enfrentei dificuldades, obstáculos e muitas vezes o olhar de muitos, temerosos por minha teimosia.
Faço parte de uma geração que não se tem mais. Uma geração sem a internet libertadora da comunicação e da aproximação com o conhecimento, mas ao mesmo tempo escravizadora do tempo e das pessoas.
Eram poucos os computadores em minha infância e adolescência. Nossas brincadeiras eram construídas por nós mesmos, num tempo em que não éramos reféns da televisão ou dos joguinhos eletrônicos. E que feliz. Construtor e protagonista do tempo e do futuro.
Princípios como o da obediência e o da honra eram aprendidos e exercitados a todo o momento, contagiados pela fé e pela crença ensinada por nossos pais. Hoje não vejo mais tudo isto. Onde estão as orações do dia e da noite? O agradecimento pelo alimento em nossas mesas? Onde está a compaixão e a solidariedade? Para onde foi a honra e o respeito ao próximo, aos pais, aos nonos e nonas? Em que lugar se meteu a vergonha?
Sou muito, muito feliz em ter a certeza de que vivo e faço parte de uma geração única, mas não sou o único. Talvez a última geração que ainda toma benção ao pai e a mãe, ao avô e a avó, mesmo que somente em nossas orações. Sou de uma geração que não tem vergonha de beijar a face dos pais, dos irmãos e dos filhos.
Tenho orgulho de ser, talvez, de uma das últimas gerações que respeita professores e professoras, pessoas mais velhas que constroem o futuro cidadão, de saber até hoje honrar a memória daqueles que me passaram seus conhecimentos, como lutar por seus ideais e como servir.
Vejo vocês desta geração mais jovem, mais aguerrida, mas dinâmica, mais muito ligada neste mundo virtual. Saibam que tivemos muito, muito trabalho para construir o mundo em que vivem. E essa dedicação foi especialmente para e por vocês. E por todo o esforço que esta geração teve, peço, mesmo com o coração ferido pela desconstrução que vivemos hoje, mas com uma forte esperança em favor da vida, e com uma lágrima que corre em uma face já com muitas marcas pelo tempo: NÃO DESTRUAM ESTE MUNDO. Não deixem faltar o RESPEITO e o AMOR ao próximo.
Minha geração esta ficando limitada. Estamos como cita Fernando Teixeira Andrade “caminhando para o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, a margem de nós mesmos”. Alguns mais cedo, outros mais tarde. Mas de uma forma alegre e feliz, pois certamente nos encontraremos, após nossa travessia, para vivermos novamente toda a nossa geração.
E sem ficar à margem, deixo uma lembrança minha a vocês desta nova geração: O MEU AGRADECIMENTO POR VIVER A JUVENTUDE DE VOCES E A CERTEZA DE QUE CONTINUARÃO LUTANDO POR UM MUNDO MELHOR. POR UM AMANHÃ MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO PARA TODAS E TODOS!