Terra & Prosa
Sunderhus; Adolfo Brás
Saímos de um processo eleitoral em que presenciamos mentira e uma histeria social propositada.
A sociedade se deu ao luxo de dizer e apontar o dedo para onde quer, acusando e julgando, dando sentença de morte, mesmo sabedora que lhe foi tirado de forma proposital e violenta o seu direito de ouvir propostas e avaliar o contraditório, alimento político e social necessário para nossa tomada de decisão madura e para manutenção de uma democracia.
Mas não, criou-se uma coletividade contra todos os partidos de esquerda, em especial contra o PT, como se este partido fosse o grande culpado de todo o mal que assola a sociedade.
Nesta condição a sociedade, omissa politicamente, se recusa a buscar a verdade e aceita o “anjo da morte” como o salvador de todos e todas, sem uma reflexão madura e consciente.
Passado o processo eleitoral, dia a dia fica mais evidente que está sendo descortinado o lado sombrio da ditadura e da tortura que ficou encoberta e que agora já revela atos desprovidos de qualquer respeito à diversidade, a oportunidade de participação da sociedade.
O que se esconde e que tudo continua fazendo parte de um grande jogo de acordos e interesses. E nada, nada disso teve o nascimento com a esquerda. Vem de longa data, colonial e da ditadura militar. Nós que somos de uma geração anterior bem sabemos do que se estabeleceu nas décadas de 70, 80 até 2003 e depois até 2015 e hoje.
Mas a grande jogada, o grande negócio que estava posto era tirar o PT. E por um motivo “nobre”: a elite altiva não admite ver filhos e filhas da classe dita por eles “suburbana” “proletariada” sentar ao seu lado no assento de um avião, na cadeira de uma faculdade pública, ocupar postos de trabalho que esta elite julgava e volta a julgar ser dona e de usa competência, cabendo a estes outros apenas as migalhas e a subordinação a eles.
Esta classe elitista iniciou este processo subornando e subordinando aos seus interesses os nativos da nossa terra. Foi assim com os torturadores da ditadura militar. Foi assim com Collor de Melo.
Hoje racistas renascem com força a partir de um ditador e repulsivo ser humano que desrespeita as mulheres, as comunidades tradicionais, os negros, os jovens da periferia, os trabalhadores e os seus direitos. Desrespeita as minorias sociais. Diz que respeita a constituição, mas que já mostra suas garras e sua ferocidade destruindo o Ministério do Trabalho e com ele os direitos dos/as trabalhadores (as) numa atitude clara de torná-los cada vez mais subordinados ao patrão.
E nesta teimosia, aliada a teimosia de “não falar em política” a sociedade se alia aquele mais anormal e despreparado cidadão que nunca em sua vida pública teve a coragem de debater e ir enfrentar o contraditório.
Mas uma certeza eu tenho: os partidos de esquerda nunca levantaram uma posição tão medíocre e cretina como “este ser”. Jamais fez ou fará apologia à tortura e nunca iria destruir os direitos dos/as trabalhadores (as) e muito menos acabar com o Ministério do Trabalho.
O que nos resta. Sermos vigilantes, lutar e mudar esta pratica terrível que entrou por porta e janelas mal construídas e sem qualquer formação para discutir e defender seus direitos mais simples, como o de ser feliz.
Não podemos ser infantis neste processo político e muito menos nos assemelharmos a estas formas de tortura e violência.
Engenheiro Agrônomo
Coordenador Executivo da Faser