SUNDERHUS; Adolfo Brás 1
O modelo de desenvolvimento atual também gera uma crise de percepção. Para se manter o atual estilo de vida, destroem-se os sistemas de suporte vitais do ambiente natural. Poluímos as águas que bebemos o ar que respiramos e os solos que produzem nossos alimentos. Acabamos com as florestas que garantem a água, o clima ameno, o ar puro e o solo produtivo. Por último, dizimamos os animais que compõem a teia da vida e tornamos alguns deles nossos escravos para servirem de fonte de proteínas. Criamos um caos na cadeia alimentar natural e para nossa sustentabilidade social e econômica, comprometendo as gerações futuras com uso de venenos e adubos químicos solúveis.
A nossa ignorância ambiental, têm nos levado a produzir pressões insuportáveis sobre os sistemas naturais e, a capacidade de suporte dos ecossistemas, já foi superada a muito. Estamos vivendo de retiradas contínuas de uma poupança na qual não fazemos nenhum depósito, garimpando e degradando de forma continua e acelerada nossa própria condição de sustentabilidade e das gerações futuras, a uma velocidade de exploração muitas vezes superior à capacidade de regeneração da natureza.
Estamos explorando todos os limites que a nossa ignorância nos permite. Ou será que é aquele em que o nosso “conhecimento” nos permite? Um forte retrato desta realidade é a perda da qualidade de vida, de uma forma generalizada de prejuízo, que se traduz de forma diferenciada entre as diversas comunidades e povos, grupos sociais e pessoas. Vai desde a perda de uma cachoeira de água potável a um riacho que sumiu; de um recanto destruído à violência dos assaltos e do desemprego; do empobrecimento estético à erosão cultural; da insensatez de conflitos sociais, econômicos e políticos à arrogância e à ganância daqueles que as geram.
1. Engenheiro Agrônomo
Agente de Extensão em Desenvolvimento Rural - INCAPER
Coordenador Executivo da FASER
Federação Nacional dos Trabalhadores da Assistência Técnica e Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil