Em toda Santa Catarina trabalhadores das empresas públicas Epagri, Cidasc e Ceasa estão realizando manifestações para mostrar ao governador o descontentamento com a forma como o governo estadual trata o setor. “Há anos estes trabalhadores sofrem com o desrespeito pelo descumprimento da data-base (1º de maio), resultando em perdas salariais irreparáveis”, diz a coordenadora geral da Faser, Lúcia Kinceler.
Em 2021 o governo não fechou a negociação, somente em janeiro deste ano foi assinado o acordo, com reposição de 10,24%, correspondente ao INPC. Porém, de acordo com Lúcia Kinceler, não foram pagos os meses atrasados, o pagamento foi realizado sem retroatividade. “Com o não pagamento de oito meses o governo teve uma enorme economia. Usaram esse dinheiro para pagar o 13 º, sem reajuste”, pontua a coordenadora da Faser. Em função dos trabalhadores não terem recebido reajuste por vários meses, por conta da assinatura do acordo ter sido jogada para janeiro, resultou na perda de 92.16% de um salário de 2021. Para evitar todas as perdas o que os trabalhadores reivindicam é que a assinatura do acordo seja realizada na data-base que é maio, e não meses depois, além da reposição do INPC do período.
Em Santa Catarina o governo já antecipou o pagamento de 100% do INPC a outras empresas, como a Casan e a Celesc. “Nós estamos sempre com desprestígio, sem consideração, apesar de sermos responsáveis por uma arrecadação recorde ano a ano com a produção agrícola e trazendo divisas inquestionáveis ao estado”, diz Lúcia. Ela ressalta que a cada R$1,00 investido na Epagri, há um retorno de R$9,00 à sociedade. Pelo balanço social da empresa é possível verificar como esse retorno tem crescido anualmente.
“Queremos respeito aos trabalhadores da agricultura que trabalharam incansavelmente durante a pandemia, colocando sua saúde e suas vidas em risco. Esses mesmos trabalhadores que hoje estão sobrecarregados de responsabilidade pela necessidade premente de um concurso público e preenchimento de vagas”, alerta Lúcia.
Em negociação entre o governo estadual e os sindicatos, foi firmado o compromisso de que se até dia 20/05 não houver um retorno, que não haja tempo para incluir o reajuste na folha desse mês, que se inclua na folha de junho, retroativo a maio. A próxima mesa de negociação acontece na segunda, dia 16/05.
Fica o questionamento ao governador:
Por que esse descaso com os trabalhadores da agricultura que garantem uma produção de alimentos saudáveis e de qualidade para a população, sendo que a agricultura é reconhecidamente responsável por 28% do PIB estadual?