ATER Pública e o Desenvolvimento Rural

Palestra da prof. Unicamp/SP, Sônia Bergamasco, Ricardo Borsatto, da UFSCAR, e Valter Bianchini, da FAO

Os palestrantes apresentaram a pesquisa Instituições, Metodologias e Relações Interpessoais – Análise do processo de fusão entre empresas Públicas de Assistência Técnica e Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária. A coordenação foi feita por Vicente Paiva Neto, do Stafpa/PA, Marinês Block, Asae/RS, fez a relatoria e o apoio e assessoria foi feito pelo Gustavo Scholz, da Afa/PR. Para a professora Sônia Bergamasco vivemos uma crise no setor com a extinção de empresas e fusões.

Ela fez um histórico dos anos 70 e 80, onde a extensão e pesquisa estavam associadas a uma agenda de produção e agenda verde, principalmente os países periféricos. De acordo com ela sobravam verbas para o setor e foram desenvolvidos pacotes tecnológicos, entre outros projetos. Nos anos 90, com a onda liberal e o apoio à extensão rural perdeu sentido para o governo. Já nos anos 2000 houve um retorno à agenda nacional, com uma proposta de desenvolvimento rural mais sustentável. Mas os objetivos não foram alcançados por limitação de recursos, pelo viés corporativista, por disputas políticas etc.

Segundo ela a partir de 2016 a extensão e pesquisa passaram por intenso processo de desmantelamento e reenquadramento conservador da Pinater. Essa política não consegue ir a frente por não ter uma política mais global de desenvolvimento. Ela alerta ainda que a crise financeira tem afetado diretamente o setor com o fechamento, o sucateamento e a diminuição de trabalhadores.

Ricardo Borsatto apresentou a pesquisa realizada no setor e os resultados (texto continua depois dos slides:

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De acordo com Sônia a sustentabilidade e segurança alimentar vem ganhando ênfase. “A questão ambiental e alimentação são importantes para a sociedade e pressiona os poderes por políticas”, disse. Com o estabelecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, “os países da ONU assumiram compromissos e não dá para ter dúvidas que a extensão e a pesquisa devem responder a diversos desses objetivos”, lembrou Sônia.

Para ela é preciso construir uma política menos predatória. “As diretrizes da sociedade já estão na Pinater. Se atendermos as agendas globais os recursos serão mais destinados a esses setores”, alertou.

De acordo com Valter Bianchini na pesquisa, além da dimensão econômica, temos a questão do balanço energético, da preservação das florestas, da destinação do lixo etc. Foram vistos os indicadores sociais, de educação, a organização social, em conselhos, sindicatos, cooperativas, de gênero, sucessão familiar. “O conjunto de indicadores sociais passa a ter importância. A questão da renda per capita também, pois perda da renda influencia na perda do jovem na área rural”, disse Valter.

Para ele é preciso ver as questões nacionais, como a erradicação da pobreza e fome. Ele lembrou que o bem estar no espaço rural é inferior ao do urbano. Foi vista ainda a questão da energia limpa, gênero, trabalho descente, crescimento econômico, inovação e tecnologia, edução das desigualdades. “Se olhar os objetivos do milênio todos têm a ver com nosso plano de extensão rural. Precisamos abrir a discussão, que seja mais global e não apenas local, temos que ter uma visão mais abrangente do nosso papel para um desenvolvimento rural mais sustentável”, salientou Valter.

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